Outras tunas
Nos primeiros anos do século XX foram constituídas dezenas de tunas nos principais centros urbanos portugueses, bem como em cidades e vilas de média dimensão. Porém, este fenómeno rapidamente alastrou a localidades de menor dimensão.
A pesquisa realizada no âmbito deste projeto incidiu sobretudo sobre as tunas sediadas em localidades do distrito de Coimbra. Foram consultados jornais e revistas especializados em música, publicações periódicas de âmbito local e regional, estatutos de tunas e monografias de localidades. Os dados que resultam desta pesquisa evidenciam que, durante a primeira metade do século XX, foram constituídas dezenas de tunas em vários concelhos do distrito de Coimbra. Apesar de mais esparsos, os dados sobre tunas fundadas em outros distritos manifestam que o fenómeno de proliferação de tunas em localidades periféricas relativamente aos grandes centros urbanos teve uma dimensão nacional.
As notícias nem sempre esclarecem se as tunas às quais aludem tinham um carácter institucional ou se tiveram uma duração apenas episódica. Todavia, os estatutos depositados em bibliotecas e os registos de filiação em confederações de associações atestam que muitas destas tunas foram organizadas como instituições permanentes, dotadas de direções administrativas, planos de ação e sedes próprias.
Conceição Capela e Leonor Cruz notam que a atividade das tunas entrou em declínio na segunda metade do século XX, por via do surgimento de outros domínios de prática musical e da difusão da rádio e da televisão, factores que contribuíram para a perda de relevância das tunas e dos eventos em que se apresentavam (Capela e Cruz 2010, 1283). Com efeito, a pesquisa realizada junto de vários músicos e instituições permitiu confirmar que muitas tunas cessaram a sua atividade nas décadas de 1940 e 1950. As razões mais comummente apontadas por ex-tunos para a suspensão da atividade das tunas às quais pertenceram prendem-se com a emergência de jazzes e conjuntos de baile que, regra geral, redundaram na cisão das tunas, mas também com causas como o desaparecimento de figuras centrais das instituições, a emigração, a participação dos jovens na Guerra Colonial e o esmorecimento do associativismo independente durante o período do Estado Novo.
Referências:
Capela, Conceição e Cruz, Leonor. 2010. “Tuna” in Castelo-Branco, Salwa (dir.), Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Lisboa: Círculo de Leitores. Vol. 4, 1281-1284.