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Tunas académicas

As tunas surgiram em Espanha em meados do século XIX, ligadas a instituições de ensino, e alastraram, no final deste século, a outras geografias e a outros contextos. Segundo os estudos disponíveis, as frequentes digressões de tunas espanholas a Portugal contribuíram para a disseminação deste tipo de grupos musicais à escala da península ibérica. Com efeito, as publicações periódicas dão grande destaque às frequentes visitas de tunas espanholas às principais cidades portuguesas, sobretudo a partir das últimas duas décadas do século XIX (Coelho et. al. 2012, 167-172). Nestas décadas ocorre uma transformação do modelo de organização das tunas: até então grupos voláteis e de carácter episódico, as tunas passaram a constituir-se como instituições permanentes (idem, 168). Este processo de institucionalização foi enquadrado pelo movimento associativo de cariz musical que se consolidou e expandiu em Portugal na segunda metade do século XIX.

A Estudantina de Coimbra, fundada em 1888, é unanimemente reconhecida como a primeira tuna com carácter institucional em Portugal. A emergência da Estudantina de Coimbra foi impulsionada por uma digressão realizada pela Tuna de Santiago de Compostela a Portugal, no Carnaval de 1888 (Granjo 2010, 1285; Nascimento e Nascimento 2010, 8). O sucesso alcançado pela tuna compostelana e a consequente fundação da Estudantina de Coimbra constituíram um estímulo à criação de tunas em várias localidades portuguesas, com especial incidência naquelas onde existiam instituições de ensino liceal (Coelho et. al. 2012, 184).

Referências:
Coelho, Eduardo, Silva, Jean-Pierre, Sousa, João Paulo e Tavares, Ricardo. 2012. QVID TVNAE? A Tuna Estudantil em Portugal. Porto, Viseu e Lisboa: CoSaGaPe.
Granjo, André F. (2010) “Tuna Académica da Universidade de Coimbra” in Castelo-Branco, Salwa (dir.), Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Lisboa: Círculo de Leitores. Vol. 4, 1285-1287.
Nascimento, António J. e Nascimento José A. 2010. Estudantes de Coimbra em Orquestra: Tuna Académica da Universidade de Coimbra (1888-1913) e Associação dos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra (1895-2010). Coimbra: TAUC/ AATUC.

Sugestões de leitura:
Capela, Conceição e Cruz, Leonor (2010) “Tuna” in Castelo-Branco, Salwa (dir.), Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Lisboa: Círculo de Leitores. Vol. 4, 1281-1284.
García, Francisco José Á. 2015. Orfeones, Tunas y Rondallas en Salamanca a Comienzos del Siglo XX. Salamanca: Publicaciones Universidad Pontificia.
Marques, Rui (2017) “Tuna” in Bloomsbury Encyclopedia of Popular Music of the World, Vol. XI – Genres: Europe, ed. David Horn; John Shepherd. New York: Bloomsbury Publishing, 785-786. ISBN: 978-1-5013-2610-3.
Sardinha, José Alberto. 2005. Tunas do Marão. Vila Verde: Tradisom.
Saus, Antonio Luis Morán, Lagos, José Manuel García e Gómez, Emigdio Cano. 2003. Cancionero de Estudiantes de la Tuna - El Cantar Estudiantil de la Edad Media al Siglo XX. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca.

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