Destaque de uma página inteira do Jornal Renascimento para a primeira apresentação da Banda de Mangualde (banda da Sociedade Filarmónica Luz e Vida) na festa de S. João, em Mangualde.
Inclui artigo "De Casa", onde se refere que a banda percorreu as ruas no dia 24 de Junho e à noite exibiu-se no coreto, no Largo da Misericórdia. Segundo o artigo, as pessoas vindas das aldeias vizinhas apreciaram a música, "acolhendo em mares de palmas as partituras executadas". No dia seguinte repetiu-se o entusiasmo quando a banda percorreu as ruas da vila, durante o desafio de "foot-ball" e no arraial com que fechou a festa de S. João.
No artigo "Para a frente!...", Albuquerque Azevedo (Presidente da Assembleia da Sociedade) refere as dificuldades que a banda teve nos seus primeiros tempos de existência e que foi possível superá-las não só com o seu trabalho mas também com o trabalho do Sr. João Laires, do Sr. António Gameiro, do Dr Alvaro de Melo, de Joaquim Cabral (empresário do Teatro de Mangualde que cedeu o teatro para as sessões cinematográficas), do publico e da Sociedade Comercial Cabrais, Albuquerques, Amaraes & Cª Limitada, que cedeu 18 mil escudos para a compra dos instrumentos. Agradece também ao maestro Francisco Matos e aos executantes, que demonstraram "boa vontade, disciplina e amor à Sociedade". Refere o objetivo de "dotar Mangualde com um agrupamento musical que marque nas Beiras, e por isso mesmo, seja o nosso orgulho" e para tal necessitam de "conseguir a construção de um edifício para o ensaio da banda", constituir uma corporação de bombeiros. Refere que a Associação nem sede tem e caso conseguissem o edificio ficaria para o Club Desportivo, o Grupo Dramatico e a banda. O Club Desportivo tem uma sala muito pequena e quase 160 socios, a banda tem perto de 150 sócios e a sala que tem dá apenas para os ensaios, não permitindo a assistência dos mesmos. Têm portanto três agremiações com um total de 500 sócios que pagam 2$50 por mês e não têm uma sala onde possam "conversar e ler um pouco". A situação financeira da banda é muito precária, porque as despesas são avultadas e as receitas são poucas, pois a Banda não pode "por enquanto auferir grandes proventos". Refere que precisam ainda de 3 instrumentos: um saxofone barítono (2 200$00), uma tuba em Sib (1800$00) e um "trombone de canto" (750$). Faltam ainda 2000$ para acabar de pagar o fardamento. Chama a atenção para o facto de muitos não terem respondido à circular onde apelava à ajuda das pessoas, referindo que 2,5 "dollars" são para eles 50$ "e vinte mil reis fracos". Dá o exemplo dos "naturais de Abrunhosa-a-Velha" que ofereceram um saxofone barítono. Contavam também com um apoio maior da Câmara Municipal, mas tal não aconteceu, "tivemos de curvar-nos perante a exiguidade dos recursos disponíveis, por virtude das muitas obras o outros encargos da mesma".
No artigo "Tenente Francisco Matos", a Comissão Administrativa salienta que raras vezes se encontra "um técnico tão completo como o nosso distinto Regente". Se não fosse a sua competência e persistência não teria sido possível uma apresentação com "tanto agrado". Observam a sensação de que as notas saem "pela magia" da batuta e pelo "ritmo do movimento que lhe imprime". Porque Francisco Matos é o "professor e regente" que ambicionavam, desejam que ele fique "definitivamente" ente eles, dizendo que é a aspiração deles e do elenco da Banda e Orquestra.
No artigo "Albuquerque Azevedo", Vitor Melchior Gomes (membro da Comissão Administrativa) realça o papel do presidente da Assembleia da Sociedade Filarmónica no sucesso obtido pela banda junto da sua comunidade.