No espaço público da rua, um grupo de doze jovens canta Dão Solidão a três vozes, acompanhados pela ‘viola’ (guitarra de seis ordens), bandolim e cavaquinho. A música e a dança, e particularmente o cantar a três vozes em movimento paralelo, é um traço da identidade local assumido por diferentes manhoucenses. Esta apresentação ocorreu no Cortejo Folclórico na 4ª Festa da Vitela, um evento organizado em Manhouce desde 2014 pelo município de São Pedro do Sul em colaboração com a Junta de Freguesia de Manhouce.
A Festa da Vitela teve um extenso programa de dois dias (20 e 21 de Maio) com um cortejo etnográfico pela rua principal de Manhouce, pontuado por participações dos grupos de música tradicional local – Vozes de Manhouce e Rancho Folclórico de Manhouce – aos quais se juntaram grupos organizados especificamente para esse evento, trajados com as indumentárias locais, incluindo representações de actividades agrícolas e artesanais, como o lavrar com uma junta de bois, o malhar do milho, o esguedelhar da lã, ou o fazer da manteiga.
A Festa compreendeu ainda uma exposição de artesanato e museologia local, stands de venda de artesanato, uma chega de bois, uma exposição de animais, um concurso pecuário, um e percurso pedestre, uma apresentação num palco com amplificação sonora do Rancho Folclórico de Manhouce e do Rancho Folclórico de Palhaça e um baile com um grupo de concertinas. Durante os dois dias da festa, grande parte dos manhoucenses vestiu os trajes tradicionais para receber uma numerosa assistência.
Este modo de exposição da cultura e tradições locais a um ‘olhar externo’ data, em Manhouce, do concurso A aldeia mais portuguesa de Portugal, realizado em 1938 pelo Secretariado da Propaganda Nacional.