Transcrição da notícia: “O canto coral desenvolve-se. A [?], orientada por verdadeiros a verdadeiros apostolos, aprende-lhe novas e aliciantes belezas. E as organizações corais formam-se por simpatias [?] – crescendo de dia para dia o número dos orfeons portugueses.
A província segue a cidade. O Norte, as terras do Norte, dão o maior contingente.
Sábado último ouvimos cantar pela 1.ª vez o Orfeon da Madalena. Fomos propositadamente ouvi-lo ao elegante Cine-Teatro Eduardo Brazão, de Valadares, há pouco inaugurado. O Orfeon da Madalena já cantara. Mas fazia a sua apresentação oficial nessa noite.
Fomos lá. Ouvimo-lo. O Orfeon, milagre de Izolino de Sousa, Manuel da Silva Leite e padre José Ferreira Torres – encantou-nos. Depois de algumas oportunas palavras de Hugo Rocha, o distinto poeta que, proficiente e delicadamente, dirige o Orfeon Lusitano – o Orfeon da Madalena cantou o ‘Hino ao Luar’, do ‘maestro’ Afonso Valentim, ‘Sino das Ermidinhas’ e ‘Orvalhadas’, de Manuel Tino, ‘Choral’, de Schuman e ‘Canção dos Marinheiros’, de Hermínio Nascimento. Belas vozes, ‘cordas’ seguras, certíssimas, com grande relevo musical. Hugo Rocha acertara nas suas improvisadas palavras de apresentação: - Os orfeons são conjuntos de almas que, unidas pela essencia espiritual da arte, cada vez mais nos aproximam de Deus!
Foram divinos aqueles momentos.
O nosso presado camarada Juliano Ribeiro, encarregado de apresentar. Oficialmente, o Orfeon da Madalena, só pôde comparecer [?].
Falou emocionadamente da beleza do canto coral – lembrando que, pela influência do canto e da música [?]. Enalteceu a formação dos agregados orfeonistas – que considera os melhores núcleos espirituais, já não só da pátria . o que seria demasiadamente restrito, mas da Humanidade.
Ouviu cantar o Orfeon da Madalena. Felicita-se por ter chegado tarde – pode, assim, falar com o conhecimento de causa. O Orfeon cantou com ‘élan’, vibrantemente – revelando todo o poder de compreensão do seu ensaiador, Izolino de Sousa. A voz de Manuel Leite valoriza-o singularmente. A dedicação e o carinho do abade da Madalena – que, como o mais simples dos orfeonistas, alinha no grupo, cantando também – é um exemplo a seguir.
Voltado para os orfeonistas:
- A vossa alma, rapazes, é a alma de Portugal! Desapareça a tristeza desoladora que constitua o [?] da nossa emotividade! Rapazes, cantai!
O nosso camarada foi muito aplaudido.
Representou-se, na 2.ª parte, a comedia “Pantaleão & C.ª”, um acto cheio de situações hilariantes, desempenhado pelos amadores Carlos Santos, António Sousa, Abílio Pena e IIzolino Sousa – todos sócios do Orfeon. Os intérpretes foram aplaudidos com entusiasmo.
A 3.ª parte do Programa foi brilhante. Ligeira, movimentada, agradou deveras. As meninas Emília Alves Dias e Laura Dias da Silva recitaram primorosamente as poesias – ‘Tia Rosa’ e ‘Boneca’. A menina Idalina Dias da Silva cantou suavemente, dando-lhe as cambiantes exigidas. ‘Engeitada’. Manuel leite – grande valor artístico do Orfeon – fez-se aplaudir demoradamente no ‘Vilancete’, de Oceano.
Cantaram ainda, com êxito, merecendo fartos aplausos, Manuel de Almeida Rouxinol e Diamantino Rocha Silvestre.
O sarau fechou com uma nova [?] orfeonica – cantando os rapazes ‘Saudade’, de Cipriano Gil; ‘Embalo’ e ‘Canção do Litoral’, de Armando Leça; ‘Rapsódia’ de João Tavares (Seravat) e “Canção de []”, Neves e prolongados aplausos da assistência que, apesar da noite chuvosa, enchia o lindo teatro de lés-a-lés.
No intervalo da 1.ª para a 2.ª parte do programa o Orfeon de Valadares ofereceu ao da Madalena uma fita em seda para o seu estandarte. A fita tinha esta legenda significativa: ‘Ao Orfeon da Madalena, o Orfeon de Valadares’. O acto, realisado no palco, arrancou demoradas ovações aos dois magníficos agrupamentos.
Durante o sarau, nos intervalos, tocou o Oiteto-Jazz Seravatiano, sob a direcção artística de João Tavares (Seravat) músico distinto e de segura regência.
O Orfeon do Porto telegrafou, saudando o Orfeon da Madalena e, por ofício, mandaram saudações o Orfeon Académico e o Orfeon Marcos Portugal. O Orfeon Lusitano e o Orfeon do Porto fizeram-se representar pelas suas direcções.
Num dos intervalos do sarau foi servida aos convidados uma taça de ‘champagne’. Trocaram-se então amistosos brindes – todos de solidariedade pela família orfeónica.
Falaram os srs. Capitão Eurico Monteiro, vereador e representante da Câmara de Gaia, pe. José Torres, abade da Madalena e presidente da direcção do Orfeon, Hugo Rocha, do Orfeon Lusitano, e o representante do Orfeon do Porto.
O nosso camarada Juliano Ribeiro agradeceu as saudações feitas à imprensa.
O representante do ‘Jornal de Notícias’ na linda festa de sábado está gratíssimo às direções dos Orfeons da Madalena e Valadares e aos srs. Silva Petiz (?) e Castro Portugal pela maneira captivante, gentilíssima, como o receberam e trataram”.