A Queima do Judas

A tradicional “Queima do Judas” é uma sobreposição de uma celebração religiosa cristã, do Sábado de Aleluia, que marca o fim da Quaresma a um arcaico rito agrário que encerra o ciclo de festividades do Inverno. Tal como acontece noutros rituais, como é o caso da “Serração da Velha”, é representada a morte simbólica do período invernal. Tal como se passa também no Carnaval de cuja matriz a “Queima do Judas” é tributária, há uma crítica pública social em termos satíricos e que assume aqui a figura de um testamento. A colectividade expõe em si mesma as críticas que reforçam os valores e a unidade do grupo.

Segundo o antropólogo Jorge Dias (1948) o que hoje não passa de um pretexto para a festa popular ou de “um simples divertimento inofensivo, é a sobrevivência dum fenómeno que noutras épocas era expressão duma concepção de vida, duma ética e duma crença, completamente distintas das actuais” (Dias 1948:7).

Autora: Ana Rita Lopes

Referências Bibliográficas:
DIAS, Jorge, 1948. Queima do Judas. Porto: Serrata de o nosso lar
LIMA DA COSTA, Amadeu da Costa, 2013. Notas sobre a Queima do Judas na Ribeira de Viana - folheto número 3. In Centro Cultural do Alto Minho (coord. ) A queima de Judas na Ribeira de Viana. Viana do Castelo: Edições à bolina, pp. 5-15
VEIGA DE OLIVEIRA, Ernesto, 1984. I Festividades cíclicas - A queima do Judas. In Ernesto Veiga de Oliveira. Festividades Cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, pp. 75-84

Queima do Judas em Palmela

A Queima do Judas é um ritual reativado no município desde 1995, por iniciativa da Câmara Municipal de Palmela, contando com o envolvimento das associações do concelho. Em 2019, contou com a participação de 15 grupos: os Bardoada – Grupo do Sarrafo, Grupo Coral “Ausentes do Alentejo”, Serviços Sociais e Culturais dos Trabalhadores do Município de Palmela, Passos e Compassos – Grupo Férias Culturais, Associação de Escoteiros de Portugal – Grupo 40, Motoclube de Palmela, Os Indiferentes, As Avozinhas, Sociedade Filarmónica Palmelense “Loureiros”, Teatro Sem Dono, Sociedade Columbófila de Palmela, Sociedade Filarmónica Humanitária, ATA – Teatro Artimanha, Associação dos Idosos de Palmela e Teatro da Vila.

O percurso teve início no Largo dos Loureiros com passagem por vários locais onde foi realizada a queima e a leitura de um testamento de um total de onze bonecos representativos de cada associação, terminando no Largo de S. João com uma performance do grupo Bardoada – Grupo do Sarrafo e com fogo de artifício.

No largo dos Loureiros, onde está localizada a sede da Sociedade Filarmónica Palmelense “os Loureiros” foi queimado o primeiro boneco e lido o primeiro testamento por António Barradas, com a animação de um cavalinho constituído por doze músicos de vários naipes de instrumentos de madeira, metal e percussão provenientes da Banda da Sociedade Filarmónica Palmelense “os Loureiros”. No final do testamento, o Judas foi queimado e o cavalinho retirou-se do local entrando a tocar nas instalações da sede.

Autora: Ana Rita Lopes

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