António Lourenço da Silva foi um músico autodidacta. “Andava a trabalhar no volfrâmio. Eu vivia só com a minha mãe. A minha mãe esteve a trabalhar em casa do meu par e a única prenda que trouxe fui eu. O meu pai tinha a mulher dele e os filhos. E depois, então, eu andava no volfrâmio a trabalhar e eu dizia à minha mãe: eu quero comprar um violão! Tinha onze ou doze anos. Só quero comprar um violão! E ela disse-me: se tu ganhares 200$00, dou-te 50 para comprar um violão. Eu ganhei 250$00. Mas já tinha tirado 50!! Pensei: ela agora vai dar-me os 50. E deu! Deu-me os 50. [...] Eu entrei na camioneta do Vale do Vouga com esses 100$00 e comprei o violão.” (entr. António Lourenço da Silva 1991).
Ao longo da vida, Lourenço da Silva adquiriu vários instrumentos musicais. Depois da ‘viola’ e do bandolim, comprou, em 1940, um violino de cravelhas de madeira na Casa Custódio Cardoso Pereira, em Lisboa. Organizou uma Tuna em Manhouce (ver Tuna de Manhouce). Depois de Abril de 1974, passou a adquirir os instrumentos –vários cavaquinhos, uma viola braguesa, uma guitarra- no atelier do construtor Domingos Martins Machado, em Braga.
Lourenço da Silva assumiu um papel central na vida musical de Manhouce tendo integrado o grupo de dança e a tocata do Rancho Regional de Manhouce, respectivamente em 1938, e 1940. Entre 1957 e 1961, Lourenço da Silva assumiu a direcção, conjuntamente com José Gomes Silvestre, do Rancho de Manhouce. Em 1981, foi um dos organizadores do Grupo Etnográfico de Cantares e Trajes de Manhouce’