Transcrição da notícia: “Esta florescente agremiação artística completou no passado dia 4, o 5.º aniversário da sua fundação. E, para solenizar tão grandiosa data, a sua direcção, composta de um grupo de homens de ‘escol’ a cuja frente está como presidente o sr. Óscar Ferreira [sic] da Silva, levou a efeito nesse dia no salão nobre do mesmo Orfeão uma sessão solene, que decorreu cheia de brilho e de beleza, e a que nos foi dado assistir acedendo assim ao honroso convite que nos foi feito, e que agradecemos.
Eram 21 horas e já o vasto salão se encontrava repleto de uma fina e selecta assistência, onde primavam pelas suas ricas ‘toilettes’, as senhoras que dava à sala uma nota efusiva e cheia de beleza.
Ás 22 horas o nosso amigo e solícito correspondente naquela freguesia sr. António A. Monteiro, em nome da Direcção do Orfeão de Valadares, usando da palavra, convida para presidir àquela sessão o ilustre causídico sr. dr. Silva Lino. Que é recebido com uma prolongada salva de palmas. Em seguida o sr. Presidente convida pata o secretariar os sr.s Francelim Soutinho (representante do Orfeão da Madalena) e Adriano Paixão, e a tomar lugares de honra os representantes das diversas colectividades, abade da freguesia, imprensa, etc. Usa em seguida da palavra, pondo em destaque o papel preponderante das agremiações daquele sentido, a quem tem dado também o seu melhor esfôrço. Dá em seguida a palavra ao sr. Óscar Teixeira da Silva, que como presidente do Orfeão em festa, agradece a todos, a comparência àquele acto solene.
No final do seu discurso, e entre uma salva de palmas entra na sala um grupo de executantes do Orfeão do Porto, que com o seu estandarte, foram ali saúdar, pela palavra fluente do poeta Alberto Delgado, os seus colegas do Orfeão de Valadares. Este acto foi muito apreciado por tôda a assistência.
É dada em seguida a palavra ao sr. dr. Guilhermino Nunes, que como sempre, tem um hino de glória e de saudação ao Orfeão de Valadares, ao seu ilustre maestro Amadeu Santos e bem assim a todos aqueles que procuraram difundir a Arte e a Instrução, que, diz, é o seu maior enlevo, o seu maior encantamento.
E durante quási uma hora e sempre num crescente de entusiasmo, o ilustre poeta e fluente orador, vai narrando casos interessantíssimos da sua mocidade, factos adequados ao festivo acto, que calam bem no fundo de todos os presentes. Acaba por incitar o povo da freguesia a ajudar quanto possível a obra do Orfeão de Valadares, que não só procura difundir a Arte como também a Instrução e a Beneficência pois tem criada já uma cantina para as criancinhas pobres da freguesia. Apela para o bom coração do povo da sua terra, afim de que essa obra seja um facto bem vincado nos anais da história do Orfeão de Valadares. Ao terminar, foi muito cumprimentado e abraçado. Usa em seguida da palavra o sr. José Gomes da Veiga, que começa por agradecer o honrosos convite que lhe fizeram para assistir e falar naquela sessão, o que diz, acha demasiado, atendendo ao brilho que lhe dispensaram os oradores antecedentes, e em especial o sr. dr. Guilhermino Nunes, verdadeiro poeta, que deleitou a assistência com o seu verbo inflamado e cheio de recortes literários mas, diz, nem que o seu discurso, as suas palavras, não tenham o mesmo brilho, o mesmo recorte literário, teem acima de tudo, e como sempre, a sinceridade, que lhe vai no coração.
Vai ali para saudar de alma e coração o Orfeão de Valadares, por cujo tem uma admiração profunda, e uma efusiva dedicação. Narra em seguida alguns factos históricos da Arte de Talma, de Grupos a que pertenceu e a que deu o melhor do seu esfôrço e tenacidade e termina por saudar o povo da freguesia de Valadares. Tem ainda palavras de saudação para com a imprensa, que, diz, tem um importante papel preponderante entre todos os casos. Foi muito ovacionado e cumprimentado.
Em seguida o sr. presidente encerra a sessão, e dá-se principio ao Sarau de Arte, que constou da parte coral pelo Orfeão de Valadares que sob a regência do seu ilustre e competente maestro sr. Amadeu Santos, executou várias peças do seu reportório, que deliciaram os ouvintes, sendo no final das mesmas muito ovacionado tanto o Orfeão como o regente.
Terminado o Sarau de Arte a cujo emprestam a essa brilhante cooperação o sr. Manuel Silva Leite, distinto tenor do Orfeão da Madalena, cantando alguns números acompanhado ao piano pelo ilustre pianista e compositor João A. Tavares (Seravat) e bem assim a orquestra, que sob a regência deste último maestro, executou vários trechos que deleitaram a assistência. Foi servido no Gabinete da Direcção, um ‘Porto de Honra’ aos convidados, sendo ali levantados brindes entusiásticos pelos srs. Drs. Silva Lino, Guilhermino Nunes, Óscar Silva, Alberto Delgado, Francellim Soutinho, Manuel Fortuna e Gomes da Veiga, que volta a saudar a imprensa, e cuja saudação agradece o nosso representante Augusto Mota.
E assim terminou uma festa brilhante que deixou em todos as mais gratas recordações.
Ontem de manhã, realizou o mesmo Orfeão, uma Romaria de Saudade ao Cemitério de Valadares, onde foram depor flores nas campas dos sócios falecidos, Ali usou da palavra o sr. presidente da Direcção do Orfeão sr. Óscar F. Silva, que teve palavras sentidas, para com os que a morte arrebatou.
Em todas as cerimónias a guarda de honra foi feita por um piquete de Bombeiros de Valadares, sob o comando do sr. Sousa Lopes.
Foram lidas na sessão solene, muitos telegramas e cartas de saudação entre os quais de Manuel Emílio Lopes Araújo, Raúl Casimiro, Bombeiros Voluntários de Valadares, Orfeão de Matosinhos, Orfeão da Foz, etc.
A imprensa encontrava-se representada pelos srs. Lopes da Mota, ‘O Comércio do Porto’, António A. Monteiro ‘Século’ e ‘Janeiro’ e Augusto Mota pelo nosso jornal”.