Ângelo Frondoni (n. Parma 1812; m. Lisboa 1891). Em 1838, assumiu o cargo de maestro do Teatro de S. Carlos, escriturado pelo conde de Farrobo, cargo que veio a abandonar, tendo-se dedicado ao ensino e à composição. Com a composição do Hino do Minho, vulgarizado como Hino da Maria da Fonte que escreveu por ocasião das lutas civis com o mesmo nome, Frondoni conquistou popularidade mas algum mal estar com o poder régio. Ocupou o cargo de maestro no recém criado teatro da Trindade, entre 1868 e 1873, regressando nesse ano ao Teatro de S. Carlos onde permaneceu mais uma temporada.
Foi um dos primeiros propagadores do canto orfeónico em Portugal, tendo assinado em data desconhecida uma pequena brochura intitulada Orpheon, além de artigos em periódicos da época sobre a mesma temática. Em 1883, assinou Memoria acerca da influência da musica na sociedade, onde defendeu a aprendizagem de música nas escolas, a criação de orpheons populares a instituição de orpheons municipais em Lisboa e Porto. Na sua perspectiva, o canto orpheónico, contribui para a saúde, afasta dos vícios e inscreve na memória os factos que narra, podendo assim vir a ser "um monumento vivo das glórias pátrias" : "A conclusão vem a ser isto: obrigação de aprender em todas as escolas primárias os elementos da música, a fim de tirar dessas escolas os rapazes dispostos a tomarem parte nos grandes coros orpheonicos cantados em ocasiões solenes por centenas de homens. A leitura musical far-se-á em clave de sol e de fá, inutilizando assim as mais absolutamente desnecessárias para a leitura da escola orpheonica. Visto pois o que tenho exposto a v. Ex.a parece-me que a instituição orpheonia é conveniente em Lisboa , assim como na cidade do Porto e outras, aonde o município tem meios para criá-la. É conveniente, 1º, porque o que se pratica nas outras nações em sentido moral e educativo é útil; 2º, porque o que tem por fim o melhoramento das classes menos abastadas por distrações honestas não é só útil mas agradável. É o caso da música. A música, afastando a juvetude trabalhadora da espelunca por atraente passatempo, poupa-lhe a saúde sem a qual a inteligência não funciona. Quem está doente não raciocina; quem se entrega a vívios ignóbeis cessa de ser racional. Tão lúcida é a verdade a respeito da acção recíproca que existe entre o espírito e a matéria. São duas faculdades que se completam. Portugal tem nobilíssimas tradições históricas que, lidas uma vez, geralmente se esquecem. Esses factos estupendos da história portuguesa não ficarão esquecidos se forem cantados periodicamente em coros populares. […] Finalmente, os coros orpheonicos podem vir a ser um monumento vivo das glórias pátrias" (Frondoni 1883, p 11). Segundo o periódico Jornal de Notícias do Porto, entre 1881 e 1822 dirigiu o Orpheon Académico de Lisboa. Assinou obras para teatro lírico, hinos entre outras composições.
Referências bibliográficas
Frondoni, Angelo (1883) Memoria acerca da influência da musica na sociedade. Lisboa: Imprensa Nacional.
S.a. (1891) “O Maestro Angelo Frondoni” O Comércio do Porto. Ano 4º, nº 124, p. 2
Vieira, Ernesto (1900) Diccionário Biographico de Musicos Portuguezes: História e Bibliografia da Musica em Portugal. Lisboa: Typographia Mattos Moreira & Pinheiro.
Autora: Maria do Rosário Pestana