Descrição:
Na entrada sobre Arthur Frederico Reinhart, Ernesto Vieira refere que foi mestre da Banda dos Marinheiros Militares "que ele tornou a primeira existente entre nós no seu tempo. Quando el-rei D. Fernando foi viajar em 1863, embarcou a bordo da corveta Mindello, que levou com a guarnição a banda dos marinheiros. A corveta esteve algum tempo ancorada em Bordéus, e por essa ocasião a banda portuguesa que ia muitas vezes a terra fazer-se ouvir, foi imensamente festejada pelos bordelenses. Todos os jornais a elogiavam. [Vieira transcreve notícias de periódicos de Bordéus] A nossa banda de marinheiros fez muitas outras viagens, fazendo-se ouvir em vários pontos onde esteve, na Bélgica, França, Inglaterra, sendo sempre muito apreciada e merecendo o seu mestre os maiores elogios. Tinha artistas primorosos: Chaves, cornetim, notável pela beleza do som e primor com que dizia um adagio; Pinto, clarinete (sobrinho do compositor com o mesmo apelido), notável também pela qualidade do som; Santos, barítono; Caceres, flautim, e muitos outros músicos excelentes. Todavia, apesar de ser esta uma corporação artística tão notável e que tanto honrou o nome português no estrangeiro, houve em 1868 um governo que por ostentação de falsa economia, brutalmente a suprimiu lançando de repente na miséria muitos dos artistas que a compunham. Um dos mais feridos por esse golpe foi o próprio mestre [...]O primeiro clarinete, levado por fim ao extremo da miséria suicidou-se por enforcamento. A economia realizada pelo governo com a supressão da banda dos marinheiros, foi de 20:000 réis mensais que era quanto vencia o mestre; os músicos, em número de 27, eram praças de pret, tendo apenas os vencimentos correspondentes aos postos que se lhes dava, fazendo parte do quadro com dispensa do serviço de marinhagem" (p. 247-8).
Detalhes complementares:
Vieira, Ernesto. 1900. "Arthur Frederico Reinhart". Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes. Lisboa: Typographia Moreira & Pinheiro.
Entidades coletivas:
Banda de Música dos Marinheiros