Bertino Daciano Rocha da Silva Guimarães (n. Porto 10 de Novembro de 1901; m. 1965) desenvolveu estudos no âmbito da etnografia, literatura, história da música e da arte. Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras, lecionou no ensino liceal e técnico (Escola Comercial de Oliveira Martins, Porto, Escola Industrial de Faria Guimarães, Porto, Escola Industrial e Comercial de Domingos Sequeira, Leiria, Escola Comercial de Mouzinho da Silveira, Porto e em vários colégios, Diretor da Escola Secundária de Comércio ‘Humberto Beça’) tendo, nesse âmbito, assinado obras didáticas da língua inglesa. Nas escolas Industrial de Faria Guimarães (1928), Porto, Comercial de Domingos Sequeira (1931), Leiria, e Comercial de Mouzinho da Silveira (1941-2), criou e dirigiu grupos corais. O Grupo Coral da Escola Comercial Mouzinho da Silveira apresentou-se ao público “no teatro e em audições radiofónicas” (Malpique 1958, 13-4). Um ex-aluno da Escola Comercial de Mouzinho da Silveira, Rolindo Sampaio, descreveu estas atividades do seguinte: “[...] eram as horas de prazer espiritual proporcionadas pelas aulas de Canto Coral que, apesar de ministradas a horas tardias da noite, tinham sempre uma frequência dedicada e interessada” (Ibid., 18).
Dirigiu o Instituto de Cegos do Porto, a partir de 1941, e foi membro da Société Française de Musicologie de Paris. Em 1930, em parceria com o pianista J. de Albuquerque e Castro organizou, no Porto, a Sociedade de Estudos Musicológicos, Científicos e Artísticos. Presidiu à Direção da Associação dos Comercialistas do Norte de Portugal e à Comissão Administrativa do Recolhimento do Postigo do Sol. Novelista (uma das suas novelas foi publicada em folhetim no Comércio do Porto), proferiu inúmeras conferências no Porto, em sociedades privadas e instituições públicas, e em Guimarães.
Entre 1944 e 1959 integrou a Comissão de Etnografia e História do Douro Litoral da Junta de Província do Douro Litoral. No ano de admissão nessa Comissão, em 1944, já assinara estudos e monografias com um denominador comum: a cidade do Porto. Na verdade, Daciano ocupara-se da reconstrução histórica de aspetos culturais desta cidade desde as últimas décadas do século XIX, tais como a vida de músicos aí residentes, publicadas em diferentes periódicos: Gustavo Romanoff Ruzitschka (1933); César das Neves (1934); Lucien Lambert (1937); Miguel Ângelo Pereira, (1943). Em 1953, ocupou o cargo de secretário do Museu de Etnografia e História do Douro Litoral e, em 1956, de secretário do boletim Douro Litoral. Organizou o arquivo de música do Museu de Etnografia e História do Douro Litoral.
Musicógrafo, proferiu inúmeras palestras e conferências sobre música e músicos, nacionais e estrangeiros (como, por exemplo, em 1945, a conferência “Schubert poeta do Lied” no Clube Fenianos Portuenses). Em 1948, publicou no Porto o Primeiro esboço duma biografia musical portuguesa, com uma breve notícia histórica da música do nosso país, uma obra que, na época, se tornou uma referência nos estudos musicológicos.
Referências bibliográficas
Malpique, Cruz. 1958. Homenagem ao Professor e Investigador Dr. Bertino Daciano. Promovida pela Associação dos Antigos Alunos da escola Comercial Mouzinho da Silveira. Porto: s.e.