Transcrição da notícia:
“De Valadares — Marcou um novo triumpho a segunda apresentação do Orpheão de Valladares realisada domingo último, à noite, no moderno e elegante Cine-Theatro Eduardo Brazão.
O theatro encheu-se literalmente, vendo-se nos camarotes as mais distinctas famílias da freguezia.
Cerca das 9 horas e meia da noite deu-se início ao espectáculo, que constou de 7 partes, duas das quaes foram inteiramente preenchidas pelo magnífico Orpheão.
Na primeira parte, fez-se ouvir o esplendido corpo coral, sob a regencia do distincto professor snr. Amadeu Santos, tendo sido executados, por uma forma verdadeiramente admiravel, os números ‘Portugal é lindo’, de Armando Leça; ‘Canção do ribeirinho’, de Thomaz Borba; ‘Viola Aldeã’, de Affonso Valentim; ‘Toque de Avé-Marias’, de Fernando Moutinho, e ‘Luar do Sertão’, de C. Ramos.
Seguiram-se sempre entre os maiores applausos, números de canto pelo distincto tenor snr. Augusto Lemos, acompanhado a piano por madame Camara; a fantasia dramárica ‘Por amor de Colombina’, em que tomaram parte a snr.ª D. Maria Araújo e os snrs. Aristides Soeiro e Edgard Mendes; alguns fados à guitarra pelo snr. Augusto Lemos, em substituição do snr. José Carvalho, da Aguda, que se sentiu incommodado pouco antes do espectáculo; o diálogo cómico ‘São todas assim’, a canção cómica ‘O Zuncha’, de irresistível hilaridade, que foram desempenhados pela snr.ª D. Maria Araujo e Armindo M. Santos.
Encerrou-se o interessantíssimo espectáculo pelo corpo coral do Orpheão, que executou os números ‘Montanhez’, de A. Roland, ‘Trovas’, de J. Mineiro; ‘Zé P’reira’, de Armando Leça; ‘Morena’, de J. Mineiro; e ‘Rapsódia’, de A. Joyce, tendo de repetir, em face dos vibrantes applausos da assistência, o ‘Toque de Avé-Marias’.
O apreciado oitteto-jazz do Orpheão, composto pelos distinctos artistas Hernani Tavares, João Tavares, Armando Tavares, Amadeu Santos, Antonio G. De Souza, José Tavares, Manoel Pinto Soares e Lopes de Araújo , abrilhantou o espectáculo de uma forma particular, com a execução primorosa de diversos trechos do seu varia [sic] repertório, retirando a assistencia com impressões que dificilmente se esquecerão.
No final, a direcção do Orpheão teve a gentileza de offerecer um calice de Porto às pessoas que, d’esta cidade, até alli haviam ido a seu convite.
Reunidos todos, assim, n’uma pequena festa de confraternização, foram levantados calorosos brindes e enthusiasticas saudações ao corpo coral e direcção do Orpheão de Valladares, aos orpheões do Porto e Luzitano, não se esquecendo a imprensa alli representada, em nome da qual agradeceram, saudando o Orpheão de Valladares e demais orpheões, os nossos estimados collegas Costa e Silva, pelo jornal o ‘Orpheu’; Arnaldo pereira da Silva, pelo ‘Jornal de Notícias’; e Barrote Junior, por O Commercio do Porto.
Foram muito homenageados, também, os snrs. Dr. Angelo Gandra, presidente da direcção do Orpheão, professor Amadeu Santos, director-artístico, e Aquino Souza e Cunha, 1.º secretário da direcção, todos estes os iniciadores e a alma do notável agrupamento artístico – o Orpheão de Valladares,
O Orpheão do Porto fez-se representar pelo seu vice-presidente da direcção, o snr. Fillippe Bandeira, e o Orpheão Luzitano, pelo snr. J. J. Costa e Silva e diversos socios executantes.
Do Porto — Como se disse, o corpo coral d’este apreciado Orpheão vai no proximo domingo a braga, acompanhado de grande número de associados.
A viagem será feita de auto-omnibus.
A procura de bilhetes tem sido grande,
A inscripção está aberta na secretaria até amanhã.
Marcos Portugal — Esta collectividade, que ainda não conta cinco mezes de existência, mas que, sob a proficiente regencia do maestro snr. H. Salgado, já tem provado o seu valor artístico, em reunião da sua commissão administrativa resolveu:
Dar o maior impulso ás obras na sua séde social, a fim de no proximo mez de maio se effectivarem as festas de inauguração; crear adentro do seu organismo um grupo scenico e elaborar um relatorio e contas para que em breve se proceda à eleição dos futuros corpos gerentes.
— A commissão administrativa d’este Orpheão pede aos snrs. Orpheonistas a maxima assiduidade aos ensaios e a todos os socios a fineza do envio de duas photographias, a fim de lhes serem passados os cartões de identidade.
Da Magdalena — Depois da sua ultima feliz exibição no theatro Eduardo Brazão, de Valladares, vai o Orpheão da Magdalena, que está a marcar na sublime arte do canto, a S. João da Madeira, no dia 29, ao theatro elegante de S. João, estando toda a população interessadíssima n’essa visita, anciando ouvir essa centena de rapazes ensaiados intelligentemente pelo snr. Isolino de Souza, maestro, e dirigidos pelo snr. Manoel Leite e pelo rev. Manoel Torres.
Também o Grupo dos Modestos dirigiu um amavel convite ao Orpheão da Magdalena, pedindo a sua presença a uma festa que vai realisar, sendo bem aceites os desejos da distincta agremiação.
Famalicense — Nos proximos sabbado e domingo faz a sua reapparição, no Salão Olympia, de Villa Nova de Famalicão, o Orpheão Famalicense, que na sua primeira phase tão apreciado foi.
Há muito interesse em ouvi-lo.
Academico de Coimbra — Pedem-nos a publicação da seguinte nota: ‘Não se tendo até hoje realisado qualquer reunião dos antigos orpheonistas do tempo do snr. Dr. Elias de Aguiar, e tendo sido ponderado que seria opportuno que n’esta altura se promovesse uma festa de confraternização entre elles e os actuais orpheonistas, vem a direcção participar a todos os snrs. Antigos estudantes, que foram do Orpheão da regencia do snr. Dr. Elias de Aguiar, que nos primeiros dias do proximo mez de maio se realiza essa festa, pedindo-lhes ao mesmo tempo que se dignem enviar a sua adhesão o mais rapidamente possivel. Não nos dirigimos pessoalmente a ninguem por falta de elementos que nos habilitem a endereçar os convites. — Coimbra, 20 de abril de 1928. — Pela direcção, o presidente, José de Mattos Braz’”.