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António Joyce

António Avelino Joyce nasceu em Lisboa em 1888. Iniciou a sua aprendizagem musical com o maestro e compositor Victor Hussla, em violino. Posteriormente, ingressou na Real Academia de Amadores de Música, instituição na qual frequentou aulas de violino, harmonia e rudimentos musicais. Integrou a Grande Orquestra Portuguesa, em Lisboa, na qualidade de primeiro-violino, sob a direção de Michel’Angelo Lambertini.

Em 1906, com 21 anos, ingressou no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Enquanto estudante, integrou a Tuna Académica e participou em tertúlias musicais realizadas no bairro de Celas, situado no centro da cidade de Coimbra. Segundo Cristina Brissos, foi no âmbito destes encontros que surgiu a ideia de criar um grupo coral constituído por estudantes universitários, circunstância que poderá ter contribuído para a refundação do Orfeon Académico, extinto em 1900 (Brissos 2003). Em 1908, António Joyce reorganizou o Orfeon Académico de Coimbra, assumindo a sua regência nos anos seguintes. Sob a direção de Joyce, o OAC apresentou-se nas principais salas de espetáculos portuguesas. Em 1911, Joyce acompanhou o OAC numa digressão a Paris que constituiu a primeira internacionalização deste organismo. Harmonizou canções populares portuguesas de acordo com o modelo erudito de composição polifónica coral, destinadas ao OAC.

Após a conclusão do curso de Direito, em 1912,  Joyce ocupou vários cargos de natureza política e administrativa. Desempenhou funções enquanto Governador Civil de Bragança, Secretário-geral dos Governos Civis de Lisboa, Porto e Castelo-Branco e Secretário das Presidências de Teixeira Gomes e Afonso Costa (Brissos 2010). Assegurou a direção artística da Emissora Nacional durante o seu período experimental (1934-1935), estimulando a criação de orquestras no âmbito desta estrutura (Silva 2010). Em 1938 integrou o júri provincial da Beira Baixa, no âmbito do Concurso ‘A Aldeia mais Portuguesa de Portugal’ (Brissos 2003). No âmbito deste concurso, recolheu e notou canções populares no distrito de Castelo Branco, cujas transcrições foram publicadas no periódico Ocidente, em 1939 (Brissos 2010). Em 1939 colaborou como comentador no Emissor Regional do Norte, na cidade do Porto. A partir de 1945, destacou-se como crítico musical, cooperando com as publicações O Século, Capital, Diário de Notícias e Atlântida (idem).

Referências bibliográficas

Brissos, Ana Cristina. 2003. António Joyce (1884-1964) em dois tempos ideológicos. Capítulo 27 in Vozes do Povo – A Folclorização em Portugal, org. Salwa Castelo-Branco e Jorge Freitas Branco. Oeiras: Celta.

Brissos, Ana Cristina. 2010. Joyce, António Avelino. In Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, ed. Salwa Castelo-Branco, 664-665. Lisboa: Círculo de Leitores.

Silva, Manuel Deniz. 2010. Rádio. In Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, ed. Salwa Castelo-Branco, 1080-1087. Lisboa: Círculo de Leitores.

 

Autor: Rui Marques

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