Número único publicado pela Tuna do Diário de Notícias no âmbito de uma matinée promovida pela direção deste grupo musical no dia 25 de Dezembro de 1897 no Teatro da Trindade, em Lisboa.

Os elementos da direção da Tuna do Diário de Notícias, editores deste número comemorativo, adoptaram o grafismo original do jornal Diário de Notícias como forma de homenagear os fundadores desta publicação periódica, nomeadamente o Conde de S. Marçal e Eduardo Coelho. Esta publicação contém diversos textos (da autoria de figuras ligadas ao Diário de Notícias), um dos quais descreve a fundação da Tuna do Diário de Notícias:

Transcrição: “A instituição da Tuna” — “A ideia da formação da Tuna nasceu, no mez de abril de 1896, da comissão de representação de quadro typographico do Diario de Noticias, que funccionava n’esse anno e que era composta dos srs. Carlos Consiglieri, Abílio Marques Raimundo, Guilherme Eduardo Coelho, José Henriques Martins e Manuel Saraiva Junior.

Sob a valiosa coadjuvação do ex.mo sr. conde de S. Marçal, dos demais membros da empreza e de muitos empregados do Diario de Noticias, que acolheram de boa vontade o pensamento da fundação da Tuna, foi esta installada auspiciosamente na mesma casa que hoje occupa, na rua da Atalaya, n.º 76, 1.º andar.

Inscreveram-se desde logo 17 executantes e é esse o numero que ainda actualmente constitue a Tuna do Diario de Noticias.

Os instrumentos, de boa construcção, foram fornecidos em globo pelo acreditado fabricante sr. João Gracio, da rua da Boa Vista.

Descreveremos agora os nomes dos executantes e os instrumentos a que se applicaram:

Professor — Francisco Soares Nogueira.

1.ºs bandolins: Francisco José Fernandes, Custodio Ribeiro dos Santos, Antonio Henriques do Espirito Santo e Frederico Fernandes.

2.ºs bandolins: Guilherme E. Coelho, Manuel Joaquim Gomes, Antonio Ribeiro dos Santos e Antonio da Silva Pessoa.

Bandoletas: José Henriques Martins, José Augusto da Silva e Pedro de Mendonça Gouveia.

Violas: Augusto Machado, Angelo Antonio dos Santos, José Joaquim Pinheiro e Norberto dos Santos.

Violão: Hamilton de Araujo Vasques”.

A última página deste número comemorativo contém o programa da matinée, da qual constaram para além de apresentações da Tuna do Diário de Notícias e do seu septimino, a recitação de poesias e a apresentação de cançonetas e representações teatrais por vários atores.

O repertório musical apresentado pela Tuna e pelo ‘septimino’ do Diário de Notícias nessa matinée foi o seguinte:

1. La secret de la reine (abertura) - A. Thomas (pelo septimino);
2. “Diário de Notícias” (hino-marcha) - Ernestina Leite (pela tuna);
3. Cadiz (pot-pourri) - Chueca y Valverde (pela tuna);
4. Baile de Mascaras (fantasia) - G. Verdi (pelo septimino);
5. Romance sans paroles - Ernestina Leite (pela tuna);
6. Ricardito (passo dobrado) - L. Figueiras (pelo septimino);
7. Passe calle Badilia - Soares Nogueira (pela tuna);
8. Pot-pourri — Fados (pela tuna).

De acordo com um dos textos desta publicação, a Tuna do Diário de Notícias foi criada em Abril de 1896, por iniciativa da comissão de representação dos tipógrafos do Diário de Notícias. A Tuna foi instalada numa casa situada na Rua da Atalaia, em Lisboa e, no início da sua atividade, era constituída por 17 instrumentistas, funcionários da tipografia do Diário de Notícias, liderados pelo professor Francisco Soares Nogueira. Os instrumentos utilizados pela tuna (bandolim, bandoleta, viola e violão) foram construídos pelo luthier João Grácio.

Em 2018, Francisco Soares presidente da Banda Filarmónica Liberdade Lajense, fala que uma das maiores dificuldades que a banda tem atualmente é a questão financeira e na aquisição de instrumentos melhores. Considera que é uma das prioridades atuais da banda.