Depois de reunidos em cortejo em frente à Irmandade do Espírito Santo seguiram em procissão até à igreja, com a banda atrás a tocar a “Homenagem a Gonzaga” composta por Sérgio Cabral, um músico da banda.
O cortejo entrou na Igreja, com exceção dos instrumentos musicais da banda que antes de serem deixados na sacristia, tocam ainda “Vila da Serra d'El Rei”, uma composição de Januário Ventura que ouvimos neste excerto.
Dentro da igreja o maestro da banda dirige-se para o órgão de onde assumirá, agora, a direção do coro. Terminada a missa e o ato de coroação dirige-se toda a assembleia para a Irmandade. No ar há um intenso e quente cheiro das “sopas”, a refeição ritual que começou a ser preparada desde há três dias atrás, no edifício da irmandade. Esperam-se cerca de 300 pessoas para uma refeição aberta à comunidade local. No terraço das traseiras da Irmandade, mesmo em frente à cozinha e refeitório, está instalado um coberto móvel para acolher a banda. Aí, a banda toca “Aeternum”, uma marcha de procissão de Vítor Resende e de seguida o Hino do Espírito Santo, uma composição de Joaquim Lima que distingue a paisagem sonora das Festas do Espírito Santo nos Açores. Músicos e participantes dirigem-se para a sala onde será oferecido o almoço do Espírito Santo. No final do almoço a banda regressou ao recinto exterior e, de novo debaixo do coberto, toca “Aprillis 1830” e a “Marcha Mário João”, respetivamente dos compositores José Maciel e Manuel Xavier Soares, encerrando assim o ritual.
A Banda da Sociedade Filarmónica União Popular da Ribeira Seca ofereceu gratuitamente os seus serviços a Maria do Rosário Gonçalves. Esta filarmónica orgulha-se de ser a mais antiga das 14 bandas da ilha de S. Jorge e beneficia não só do facto de Marco Silva (n. 1978) um gestor de serviços postais, não auferir vencimento pelos seus serviços de maestro como também de sucessivos apoios de jorgenses emigrados, apoios esses dirigidos para a edificação da sede, aquisição de instrumentos e fardamento, manutenção de instrumentos. Sérgio Cabral, um dos seus músicos, é também compositor, escrevendo regularmente e gratuitamente para a sua banda. Segundo os músicos entrevistados, o principal problema com que a banda se depara em 2019 é o êxodo de jovens músicos que saem da ilha para prosseguir estudos ou para procurar uma carreira laboral. A banda investe na formação inicial de crianças (só em 2019 saíram da escola de música para a banda 10 novos músicos) e na organização de workshops que assegurem a formação contínua dos seus músicos. Mas estes esforços diluem-se com a perda sucessiva de jovens músicos.