Registo efetuado na Aldeia de Candal em 5 de agosto de 2018.
Canto homorrítmico para coro feminino, a três vozes. Modo Jónio em Si.
As cantadeiras são:
Custódia Oliveira (CO)
Dorinda Quental (DQ)
Luísa Campos (LC)
Ana Martins (AM)
Emília da Silva (ES)
Marcolina da Silva (MS)
Designação das três vozes:
Voz mais grave: encher (CO, LC, AM)
Voz do meio: discanto(e) ou raso (LC)
Voz mais aguda: botar por cima (DQ e MS)
A voz "botar por cima" caminha sempre em quinta perfeita, o que implica que o 4º grau do modo Jónio é natural para as vozes "encher" e "discanto", e sustenido para a voz superior.
Podem considerar-se aqui duas hipóteses, qualquer uma delas resultante de imperativos da acomodação em tradição oral. O mesmo é dizer, não resultante de qualquer tipo de especulação teórica:
1 - a voz superior privilegia, por acomodação à voz mais grave, a consonância de 5ª perfeita, evitando a 5ª diminuta.
2 - a voz superior é portadora de uma certa autonomia, até pelo registo que a faz sobressair, e assume o 4º grau da escala como sensível do seu tom de repouso - o 5º grau. É, neste caso, o modo Jónio transposto para o 5º grau da escala.
Na opinião de quem fez o registo, a segunda hipótese tem mais probabilidade de ser correta, dentro do raciocínio que a seguir se apresenta
Para a sustentação da 1ª hipótese - a acomodação da afinação por quintas perfeitas, relativamente à voz mais grave, por parte da voz aguda:
- implica a evitação do contexto modal proposto até à entrada da voz aguda pelas vozes grave e média
- pressuporia uma estabilidade de afinação entre as vozes grave e aguda que não se verifica
A 2ª hipótese - a acomodação do 4º grau da escala à condição de sensível na voz aguda - exige menos esforço.
Ver notas na transcrição
http://anossamusica.web.ua.pt/anm/files/1547143109_O%20gato%20rebéubéu_Candal.pdf