No ano de 1924 registou-se uma cisão na SFUA, dando origem ao aparecimento de uma nova coletividade, a ‘Capricho’. A sua vida foi bastante curta. Bernardino da Cuz Curado foi um dos músicos que mais lutou para a união da SFUA.

Manuel da Cruz Curado conta no artigo "Memórias de um filarmónico (2) Capricho em 1924" como esta cisão aconteceu: "

Voltando à Banda, mais ou menos no ano de 1924 houve um desentendimento entre a Direção e alguns músicos e daí saíram 12 músicos e ficaram 19. Os que saíram conseguiram alguns aprendizes e outros músicos. O mestre era o António Macau e, com músicos de fora, formaram uma Banda: a Capricho Pinhalnovense. A sede era numa casa do Jacinto Azougado e mais tarde passou para o Pátio do Chora, onde antes havia uma escola. Convenceram alguns lavradores, que emprestaram dinheiro, compraram instrumentos, fardamentos e fizeram um estandarte muito bonito que, mais tarde, acabou por ser oferecido à SFUA.

Começaram a ensaiar uma marcha para estrear no dia de Ano Novo e eu, o meu irmão Bernardino Curado e o Acácio Gouveia vínhamos a passar pela rua e eles estavam a ensaiar a marcha. Resolvemos ir lá por detrás da casa, onde só havia vinha, até decorar um trecho da marcha. Foi o Acácio Gouveia, que tinha muito bom ouvido, que foi cantar o trecho da marcha ao nosso mestre que, por aí, escreveu as partes dos instrumentos e ensaiámos na véspera de Ano Novo. No dia 1º de janeiro a SFUA saiu para a rua antes da Capricho a tocar a marcha. A Banda deles foi batizada por “Elóios” e a nossa por “Carlotos”, não sei bem por que razão. Eram duas horas da tarde quando as duas Bandas se encontraram à passagem de nível em frente do João da Costa. Aí começou a pancadaria, primeiro entre os sócios e depois também entre alguns músicos.

Passaram-se alguns meses e os “Elóios” começaram a ter muitas dificuldades para manter a Banda e acabaram mais tarde.

Alguns músicos ainda regressaram para os “Carlotos” e ainda comprámos alguns instrumentos que estavam nas mãos dos lavradores.”

Curado, Manuel da Cruz (1995), “Memórias de um filarmónico (2) Capricho em 1924. Linha do Sul: Boletim da Coopinhal – Cooperativa de Consumo Popular Pinhalnovense, 167. Palmela, p.5