A Tuna de Manhouce esteve em atividade entre o início da década de 1940 e 1956. Fizeram parte deste grupo os seguintes músicos, todos naturais da freguesia de Manhouce, concelho de São pedro do Sul: António Lourenço da Silva (violino e bandolim), António dos Santos Uchas (viola e violão), Salvador L. Do Rio (saxofone tenor), A. L. Do Rio (banjo), Jerónimo de Almeida Fernandes (banjo), António Barbosa (bandolim-requinta e bandoleta), João Tavares Duarte (bandolim, até 1950, data em que emigrou para o Brasil), António Gomes Beato (flauta transversal), Domingos Tavares Duarte (acordeão), Messias Tavares Duarte (trompete) e Messias Duarte Gomes (bateria, a partir de 1947).

              O repertório da Tuna começou por ser constituído pelas canções que circulavam oralmente em Manhouce e pelas melodias que os emigrantes manhoucenses traziam em disco, em pautas musicais e inclusive “de ouvido “ do Brasil. Em Manhouce, tocavam aos domingos, no fim da missa e em festas.   Um convite para tocar na inauguração da Escola de Serrazes em 1941, foi decisivo para os elementos da Tuna. Aí conheceram o maestro Álvaro João Duarte, professor de música em S. Pedro do Sul, que propôs dar-lhes aulas gratuitas. O problema da deslocação e alojamento do professor foi ultrapassado. O padre da freguesia de Manhouce ofereceu o alojamento, enquanto que um dos elementos da Tuna se responsabilizou por ir buscá-lo, numa égua, a S. João da Serra. A partir desta data Álvaro João Duarte deslocou-se com regularidade durante cerca de 6 anos (até 1947), a Manhouce a fim de ensinar música aos elementos da Tuna. Estas aulas consistiam em técnica instrumental e aprendizagem de solfejo. Deixaram de tocar de ouvido para passarem a ler pela partitura. Adquiriram arranjos para a formatura da Tuna nas Casas Castanheira do Porto e na Olimpo Medina de Coimbra. Segundo o mestre António Lourenço da Silva, um tocador de cordofones e violino com grande prestígio em Manhouce, "pedíamos já a orquestra para aquelas peçazinhas modernas que às vezes eram brasileiras, ...porque nós éramos novos" (entrevista a António Lourenço da Silva, Manhouce 1997). O repertório inicial dos pequenos grupos que deram origem à Tuna foi alargado com "as músicas mais em voga": "modinhas", "corridinhos, valsas, sambas, baiões, rumbas, one-stop, fox-trot, tangos e marchas" (Tribuna de Lafões de 15-3-90).

Compraram instrumentos novos. Os gastos com a Tuna foram sempre suportados pelos seus elementos mas beneficiaram ao mesmo tempo da generosidade dos seus conterrâneos emigrados no Brasil.

Lourenço da Silva compôs para a Tuna “Serranita de Manhouce”, uma melodia com acompanhamento de cordofone da sua autoria e letra de Gomes Beato. O maestro Álvaro Duarte fez um arranjo para esta composição. Todavia, será Isabel Silvestre, no fonograma Eu, editado pela EMI-Valentim de Carvalho em Março de 2000, que divulgará esta composição  

            A Tuna manteve-se em actividade até 1956, tendo realizado inúmeras acuações dentro (bailes, ao domingo depois da missa, na inauguração do telefone público em Manhouce, etc.) e fora da aldeia (também na inauguração de obras públicas e bailes). A Tuna funcionou como uma escola de música, permitindo aos seus elementos a aprendizagem de instrumentos musicais. A Tuna constituiu um espaço cultural dinâmico onde a tradição co-habitou com novos reportórios. O grupo foi responsável pela manutenção da prática de ‘tirar os Reis’.

Maria do Rosário Pestana

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