Sociedade Filarmónica União Agrícola - Pinhal Novo

A Sociedade Filarmónica União Agrícola de Pinhal Novo foi fundade em 6 de dezembro de 1896 por um grupo de amigos onde se inclui Augusto Nogueira de Faria. A sua Banda de Música foi criada ao mesmo par que a própria Sociedade, sendo uma das atividades de maior destaque da mesma. O primeiro regente foi Henrique Isidoro da Costa. Entre os anos de 1981 e 2000 teve quatro maestros diferentes: Juvenal Marques, Marquês de Sousa, Manuel Cola e Carlos Luís Oliveira.

A história desta Sociedade foi sumariamente descrita no Linha do Sul, Boletim da Coopinhal, por Aníbal de Sousa: “Uma longa e incontestada tradição oral situa a fundação desta coletividade em 6/12/1896. É difícil, contudo, confirmar documentalmente os pormenores dessa fundação, já que, sucessivas predações, coincidentes com acontecimentos políticos, mudanças, reparações ou ampliações da Sede ou, ainda com cisões e desentendimentos, empobreceram os arquivos de tal maneira que, dos primeiros vinte anos da coletividade, praticamente não existem vestígios. Sabe-se, no entanto, que, entre 1914 e 1917, a vida da coletividade, se confunde com a de outra, chamada “Grupo Dramático 1º de Julho”, havendo mesmo um relato de uma fusão em 7/1/1917, de que teria resultado uma nova agremiação chamada “Grupo Dramático União Agrícola”.

Em 16/7/1922 é estreado um estandarte onde aparece a designação “Sociedade União Agrícola”. Essa designação subsiste durante algum tempo. Em 10/2/1923 realiza-se uma Assembleia Geral, onde ficam aprovados, provavelmente, os primeiros estatutos e onde surge já a atual denominação “Sociedade Filarmónica União Agrícola”. Esses estatutos – ou melhor, esse Regulamento Geral – só seriam, no entanto, aprovado pelo Governo Civil de Lisboa, que na altura tinha autoridade sobre a região, em 1925, tendo então a coletividade obtido o seu alvará.

Mas por esta altura já a Banda da SFUA tinha fama, sendo prova disso, por exemplo, o facto de ter sido convidada pela Sociedade Filarmónica Estrela Moitense para ‘abrilhantar’ uma corrida de touros em 26/4/1925.

Em 1924 dá-se uma cisão de que resultaria uma nova coletividade, a ‘Sociedade Musical Capricho Popular Pinhalnovense’, cuja vida seria, no entanto, efémera, tendo desaparecido poucos meses depois de criada.

Algumas pessoas mais antigas de Pinhal Novo são de opinião de que o nascimento da Sociedade Filarmónica União Agrícola, qualquer que tenha sido a sua designação inicial, teria correspondido também ao nascimento da sua Banda de música.

Em 1896 já existem as duas Bandas de Palmela e as outras duas da Moita. Dessas experiências teria nascido a necessária inspiração e o indispensável apoio aos entusiastas de Pinhal Novo. Dizem que o primeiro maestro vinha de Palmela a pé aos ensaios. Consta igualmente que muitos dos primeiros executantes já seriam músicos experimentados nas Bandas dos arredores.

O Pinhal Novo, por seu lado, tem no caminho de ferro recente, um elemento estimulante da vida local em formação e nunca mais cessaria de crescer a um ritmo sempre e cada vez mais acelerado, até aos dias de hoje.

Um testemunho curioso de um dos mais prestigiados membros da nossa coletividade, o Sr. Bernardino da Cruz Curado, falecido em 24/8/82, garantia-nos que o primeiro instrumental da Banda teria sido oferecido pelo Conde de Burnay a troco de apoio político em eleições que então se teriam realizado.

Desde então a SFUA tem atravessado períodos bons e maus, momentos de paralisia temporária e momentos de grande atividade e prestígio.

Hoje, a par do único cinema da freguesia, realizam-se bailes regularmente e festividades diversas. Uma biblioteca com apenas algumas centenas de livros, apesar de pobre, tem prestado um inegável contributo à cultura da população. Sempre que possível, realizam-se colóquios e exposições e o salão da coletividade está sempre ao serviço doutras congéneres de menores recursos, das autarquias e de outras entidades que reconhecem ali a ‘sala de visitas’ de Pinhal Novo e um dos escassos locais onde se podem realizar reuniões amplas, destas e outras atividades em condições de espaço e acesso. A Banda de música, recentemente equipada com novo instrumental em diapasão normal e fardamentos novos, mercê de um violento esforço de angariação de fundos junto da população que inequivocamente a apoia, conta com cerca de quarenta figuras, com uma idade média à volta de 30 anos, e realiza dezenas de atuações por ano. Uma escola de música em funcionamento permanente, tem uma frequência que ronda habitualmente os trinta jovens. Num recinto desportivo anexo, funcionou durante algum tempo uma equipa de andebol feminino que participou em provas oficiais e realizam-se anualmente torneiros de voleibol e futebol de salão extremamente participados.

Mas, como sucede com muitas outras coletividades, certamente, a verdadeira história da SFUA está ainda por fazer. Na memória de alguns velhos que é preciso ouvir e em documentos pedidos pelas casas mais antigas, que é preciso recuperar, estudar, a história desta coletividade terá ainda de ser feita.

E tanto mais que essa pequena história se confunde durante muito tempo com a própria história de Pinhal Novo a que se liga pela raiz e em cujo desenvolvimento participou e participa denodadamente.

É trabalho que ainda não encontrou ocasião propícia, mas que é urgente fazer-se.”

 

No artigo "Memória de um filarmónico (2) Capricho em 1924", escrito por Manuel da Cruz Curado, foi traçado o início da história Banda de Música: "Desde logo se formou uma Banda.

O primeiro regente chamava-se Henrique Isidoro da Costa, conforme consta de uma placa ainda afixada na Sociedade. Diz-se que ele vinha de Palmela a pé para os ensaios e regressava também a pé altas horas da noite.

Nomes como João Baltazar Mortal, Manuel da Cruz curado, António Macau, Filipe Macau, João Coentro e António Coentro contam-se entre os primeiros músicos da Banda.

No dia 1/12/1920 entrou outro mestre que se chamava Cipriano Marques. Nesse mesmo dia entrou à estante Bernardino da Cruz Curado com mais aprendizes.

Em 1/1/1923 entrei ei juntamente com o António Justino da Silva, mais conhecido por António Alfredo e entrou também o Manuel Agostinho. O nosso monitor foi Bernardino Curado que nos pôs à estante em 12 meses e fizemos a nossa primeira saída nesse mesmo ano no dia 1º de dezembro.

Era já a nossa sede do lado esquerdo da igreja. Antes era na casa onde hoje é a Columbófila de Pinhal Novo, no topo poente da Rua Infante D. Henrique, antiga Estrada dos Espanhóis.

A Banda saía a dar a volta à terra no 1º de Dezembro e o mestre tinha por hábito pôr a banda a marchar na sala a tocar a marcha.

[…]

Voltando à Banda, mais ou menos no ano de 1924 houve um desentendimento entre a Direção e alguns músicos e daí saíram 12 músicos e ficaram 19. Os que saíram conseguiram alguns aprendizes e outros músicos. O mestre era o António Macau e, com músicos de fora, formaram uma Banda: a Capricho Pinhalnovense."

 

Curado, Manuel da Cruz (1995), “Memórias de um filarmónico (2) Capricho em 1924. Linha do Sul: Boletim da Coopinhal – Cooperativa de Consumo Popular Pinhalnovense, 167. Palmela, p.5

Sousa, Aníbal de (1985). “Breve introdução à história da Sociedade Filarmónica União Agrícola de Pinhal Novo”. Linha do Sul: Boletim da Coopinhal – Cooperativa de Consumo Popular Pinhalnovense, 52. Palmela, p.8

Fotografia: Linha do Sul: Boletim da Coopinhal – Cooperativa de Consumo Popular Pinhalnovense, 120. Palmela, outubro 1991, p. 8.

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