Círio

Manuel M. Cachado explica o que se entende por Círio na zona Caramela, num artigo intitulado “Caramelos: Contributo para um estudo (3)”, publicado no Linha do Sul:

“A festa mais importante dos Caramelos é a romaria à Senhora da Atalaia, em que participam organizados em Círios. Convém esclarecer que os Círios são uma riqueza estremenha, portanto, os Caramelos não a trouxeram mas adquiriram-na.

O círio, fazendo uma análise ao termo, é uma grossa vela de cera usada nos rituais religiosos.

Na Idade Média, em época de difícil identificação, em Portugal, mais precisamente na zona atualmente definida por Estremadura, os romeiros agrupavam-se por terras de origem, deixando de se deslocar isoladamente.

Formavam grupos organizados e assim se deslocavam às festas, levando um círio aceso à frente, e quando chegavam à ermida ou santuário eram assim reconhecidos: “-Chegou o Círio de … (nome da terra)”.

Desta forma a palavra Círio alargou o seu sentido, passando a significar também o agrupamento que o transportava.

Desta forma a palavra Círio alargou o seu sentido, passando a significar também o agrupamento que o transportava.

Este fenómeno sócio-religioso, pelos tempos fora, foi-se modificando e atualmente é uma manifestação etnográfica que interessa analisa, pois reflete o muito de original que há no Caramelo.

[…]

Atualmente, os Círios possuem casas próprias para acomodação dos seus romeiros na Atalaia.

Os círios reúnem-se na Festa da Atalaia, todos os anos no último Domingo de Agosto. Os preparativos para a festa começam meses antes, principalmente com peditórios pelos vários lugares. Este cortejo é acompanhado de música dominada pela gaita de foles e pelo bombo e a sua presença é assinalada pelos inevitáveis foguetes.

A entrada no local da romaria é feira de acordo com a antiguidade de cada Círio. Cada um dá três voltas ao cruzeiro, com o respetivo acompanhamento de bandeiras, imagens da Senhora e música, sob o estralejar dos foguetes.

Nas casas de acomodação dos romeiros há um contínuo beberete, pois os Caramelos reúnem-se, comem, bebem e dançam.

A iniciar e a finalizar a romaria, os Círios da Carregueira e Olhos de Água, faziam tradicionais paragens em Pinhal Novo.

O fundo histórico desta romaria será uma promessa à Senhora da Atalaia, pedindo proteção para as suas culturas e contra epidemias, guerras ou outras catástrofes.

Os Círios são verdadeiras associações populares, com corpo gerentes, cotizações e regulamentos internos.”

 

Manuel M. Camacho (1988). Caramelos: Contributo para um estudo (3). Linha do Sul: Boletim da Coopinhal – Cooperativa de Consumo Popular Pinhalnovense, 80. Palmela, p. 5.

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